Pelotense Carioca...
























Foto: Gianne Carvalho


Belíssima a música que a dupla Kleiton e Kledir fez em homenagem à terra natal: Pelotas. E a simpática e acolhedora cidade "merece"! Expressão do extremo sul do Brasil equivalente ao conhecido "Não tem de que"" De nada", "legal" "Manero", "pode-crê!"" Antes que os Cassetistas & Planetistas de plantão se percam em ironias gastas sobre a fama da cidade, vale uma explicação histórica. E quero ver quem é carioca macho o suficiente para ler até o final. 
A terceira maior cidade do Rio Grande do Sul possui prédios de uma época áurea, bem preservados. A chamada "Princesa do Sul" se ergue à beira do canal São Gonçalo - Via navegável que liga a Lagoa dos Patos à Lagoa Mirim. Neste canal deságua o Arroio Pelotas. Nas margens, existem fazendas antigas onde se produzia o charque, principal iguaria de exportação do Rio Grande do Sul no século XIX. Era o alimento dos escravos nos canaviais e engenhos do nordeste. Os carregamentos eram pagos com açúcar. Mais tarde, o produto misturou-se às frutas colhidas pelos imigrantes alemães e italianos na região sul do estado. Surgiram as compotas, chimias, frutas cristalizadas... E não demorou para Pelotas virar a capital nacional do doce.


O pintor francês Jean Baptiste Debret visitou a região no tempo do império e retratou em litrografias, o que viu. Impressionante é o quadro que mostra um escravo que puxa com os dentes o barco em que está o "seu senhor". A embarcação era feita do que sobrava dos abates: O couro. "Pelota" para los hermanos del la banda oriental. Daí o nome da cidade.
Graças ao gado, aos escravos e ao charque; Pelotas tornou-se a cidade mais rica do Rio Grande do Sul, na época. Era constume que os filhos dos senhores das charqueadas estudassem fora da província, e até mesmo na Europa. Nas férias, retornavam aos pampas, com roupas finas, perfumados, esbanjando trejeitos e boas maneiras adquiridas no convívio com a corte nas metrópoles.
Por muitas vezes, este comportamento foi mal interpretado pelos homens rudes da campanha que tropeireavam seus rebanhos para abate nas charqueadas. Pense no impacto cultural sobre estes "tauras" diante do melindre e polimento daqueles jovens cosmopolitas. Até hoje a fama andrógina persegue os gaúchos de Pelotas.
Agora o climax prometido aos cariocas que chegaram até aqui: O Rio de Janeiro era o principal destino daqueles filhos de estancieiros. Pelos costumes libertinos e lascivos da nobreza na capital do império, não é difícil imaginar onde se oculta o berço de tal mito pelotense.
Veja o clipe da nova música de K&K:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O BARCO DO SHOPPING

Diamante bruto