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Diamante bruto

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O atrito é fundamental no processo de aprendizagem sobre a vida. Sempre recordo a lição sobre isso que obtive com um antigo garimpeiro no Chapada Diamantina, no interior da Bahia. O garimpeiro era um senhor octogenário. Entrevistei-o durante uma reportagem sobre o ciclo do diamante na região, importante capítulo da história do roubo da riqueza mineral brasileira no século XVIII e que atraiu milhares de aventureiros em busca de fortuna.  Franzino. Coluna arcada. Passos lentos e as velhas bateias nas mãos. Todas as semanas o velho garimpeiro recebia a visita de estudantes de escolas públicas e demonstrava o extinto ofício de garimpar diamante nos córregos dos rios. No auge da extração, as pequenas pedras preciosas brotavam nas margens, carreadas pela correnteza que descia dos nascedouros entre as montanhas. Apesar da idade avançada, o velho garimpeiro ainda enxergava bem e era capaz de surpreender o pequeno público de alunos com o olhar apurado de antes. O velho retirava cinco ou seis

O dolo do vício

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O consumidor de drogas ilícitas precisa tomar ciência de que financia a carnificina dos latrocínios, homicídios, feminicídios... 80% dos presos no sistema carcerário estão lá por causa do tráfico de drogas. Fato que passa à margem da consciência dos consumidores. Os cocainômanos pingam sangue pelo nariz e pelas mãos. Os maconheiros queimam erva, neurônios e o filme da coerência quando, de forma hipócrita, reclamam da violência enquanto tragam baseados. E como há autoridades, celebridades e formadores de opinião nesse grupo! Uma cultura hedonista e destrutiva tão antiga quanto a corrupção no país. Silenciar é omitir-se. E a omissão dos bons, fav orece os maus. Todos os dias perdemos aliados nessa guerra contra a violência. Soldados armados com honestidade, coerência, retidão, tolerância, serenidade, persistência, prevenção, coragem e bondade. Esse campo de guerra não tem lado, pois é um círculo. O círculo social e familiar onde os cidadãos alienados precisam ser salvos e regenerados.

A SUPER LUA TRUCADA

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A primeira foto é uma montagem com as outras duas. Não há como registrar duas intensidades tão distintas de luz em apenas um clic. São necessários ajustes manuais diferentes na câmera. Para fotografar a lua com os detalhes de relevo da superfície lunar é preciso uma lente teleobjetiva e escurecer a cena, diminuindo o ISO e fechando o diafragma. Para fotografar a cidade noturna é preciso clarear a cena, aumentando o ISO, abrindo o diafragma e usar uma lente panorâmica. Não é ficção. É a mesma lua, quase ao mesmo tempo, mas a montagem impressiona mais! Maquiagem... Simulacros... Factóides... Simulações... Representação dramatúrgica  ... A ética é que regula a largura desse limite, às vezes tênue, às vezes largo, entre verdade e mentira. Ilusão e realidade. Que esta minha reflexão diante da super lua clareie caminhos! .
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A TRUCAGEM NA CRISE A indústria e o comércio nos sacaneiam pra manter os lucros elevados. A bala de goma (jujuba) está menor. O rolo de papel higiênico vem amassado, pra ganhar espaço no transporte e nos estoques. A distância entre as poltronas no avião foi reduzida para vender o "conforto" de poucos centímetros. Não vou me surpreender se as companhias oferecerem aluguel de joelheiras! Nos restaurantes à quilo eu meço a honestidade do estabelecimento pelos pratos nitidamente reaproveitados. Arro z com brócolis, bolinhos de arroz, peixe, carne e legumes... Bife ao molho pardo, carreteiro de churrasco, qualquer coisa à milanesa... Truques de economia perigosos para a saúde. E as águas "aromatizadas"? Me parecem readaptações daquele refrigerante enjoativo de limão que ninguém bebia. Pois os gênios da química alimentícia diminuíram a quantidade do licor e do gás, aumentaram a quantidade de água e criaram um produto novo, mais caro, claro! O desperdício é outra ferr

O GAITEIRO DO CHATÔ

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Três meses após a estreia nos cinemas nacionais,    Chatô - O Rei do Brasil ,  acaba de ser disponibilizado no Net flix .  A maioria sabe que o filme dirigido pelo ator Guilherme Fontes demorou duas décadas para ficar pronto. Um rosário de problemas. Desde a desvalorização do Real, em janeiro de 1999, até irregularidades com prestações de contas e processos judiciais. Por tudo isso, Chatô se transformou na mais polêmica produção cinematográfica nacional já bancada pela lei Rouanet.  Os fotogramas abaixo são de uma cena do filme, bem especial para mim. Foi gravada em 1997, no jardim do atual Museu da República, no Rio de Janeiro. É o mesmo prédio do antigo Palácio do Catete, sede do poder executivo até a mudança do Distrito Federal para Brasília, em 1960. Era o Planalto da época, só que tinha "presidento". Foi nesse palácio que Getúlio Vargas se suicidou após governar o país por dois períodos que somados chegaram há 18 anos e meio de poder. Duas ditaduras. Só que u

Vício Nacional

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  A telenovela brasileira já foi bem melhor. Teve conteúdo e autenticidade. Foi celeiro de escritores e artistas teatrais.  Agora só reedita clichês, renova carinhas bonitas e corpos sensuais. Chamar este produto de "novela" é subverter e desclassificar o estilo literário.  Dia desses revi um capítulo de "Água Viva", em reprise num canal a cabo. Em cena, o falecido Raul Cortez, que sempre me fez vê-lo como um ovo falante. Esta era a imagem em ação que eu formava na minha cabeça infantil, na época em que a telenovela foi exibida pela primeira vez. Talvez, por deter tamanha expressão natural no rosto, o ator abusava do recurso das pausas dramáticas teatrais. Silêncios para o espectador imaginar o pensamento da personagem. Outras feras da dramaturgia também o faziam. Uma época boa em que imaginar e ver televisão ao mesmo tempo, era possível. Hoje, não! A edição é clipada. Frenética. O espectador, hipnotizado. Travado no sofá e longe do controle remoto. O que inter

Das cavernas às nuvens

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Onde? Do lado de fora da caverna! Logo que saí não me contive. Fui desbravar. O que eram aqueles rabiscos e relevos na rocha? Como foram feitos? Quando? Por que e por quem? Demoraram muitas eras mas conseguimos identificar os caracteres. Uma vontade em compartilhar razões e emoções. E nasceu a linguagem escrita. E Fiat Lux! As ideias brotaram diante dos sentidos. Organizaram-se em mensagem, partiram em caravanas para ligar emissores a receptores. Nem sempre encontraram nexo, sentido, lógica, coerência, sensatez. Mas houve quem extraísse a essência, convertesse um novo pensamento, palavra ou ação; para armazenar ou transformar. Quanto movimento evolutivo a leitura oferta na longa jornada do conhecimento! Mas e a criação individual? Quem de fato detém o saber? O reconhecimento pertence àquele que primeiro registrar a ideia, claro. O que seria da máquina capitalista sem royalties, patentes, direitos autorais? Surge numa inspiração pessoal aleatória ou é uma permissão de acesso aos ar