A TRUCAGEM NA CRISE

A indústria e o comércio nos sacaneiam pra manter os lucros elevados. A bala de goma (jujuba) está menor. O rolo de papel higiênico vem amassado, pra ganhar espaço no transporte e nos estoques. A distância entre as poltronas no avião foi reduzida para vender o "conforto" de poucos centímetros. Não vou me surpreender se as companhias oferecerem aluguel de joelheiras! Nos restaurantes à quilo eu meço a honestidade do estabelecimento pelos pratos nitidamente reaproveitados. Arroz com brócolis, bolinhos de arroz, peixe, carne e legumes... Bife ao molho pardo, carreteiro de churrasco, qualquer coisa à milanesa... Truques de economia perigosos para a saúde. E as águas "aromatizadas"? Me parecem readaptações daquele refrigerante enjoativo de limão que ninguém bebia. Pois os gênios da química alimentícia diminuíram a quantidade do licor e do gás, aumentaram a quantidade de água e criaram um produto novo, mais caro, claro! O desperdício é outra ferramenta da ganância. Os tubos de xampu estão cada vez mais altos e estreitos, pra tombarem e vazarem facilmente. Os sabonetes nacionais de boutique não duram tanto quanto os importados, embora custem o mesmo preço. Até a tampa do tubinho azul de colírio está com um milímetro a mais de espaço por dentro, pra acumular gotas extras que vazam quando é aberto. O conteúdo dura metade do tempo. O picote na caixa de sabão em pó está cada vez maior. Minha avó me ensinou a perceber estes truques. Lições práticas que tive há quase 40 anos. Com uma faquinha de serra ela cortava uma pequena pirâmide triangular na quina da caixa de RINSO. O sabão em pó durava muito mais. Saudade daquela véia esperta! Falando em triângulo... Até o TOBLERONE inglês já aderiu à trucagem.

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