Vício Nacional
A telenovela brasileira já foi bem melhor. Teve conteúdo e autenticidade. Foi celeiro de escritores e artistas teatrais. Agora só reedita clichês, renova carinhas bonitas e corpos sensuais. Chamar este produto de "novela" é subverter e desclassificar o estilo literário. Dia desses revi um capítulo de "Água Viva", em reprise num canal a cabo. Em cena, o falecido Raul Cortez, que sempre me fez vê-lo como um ovo falante. Esta era a imagem em ação que eu formava na minha cabeça infantil, na época em que a telenovela foi exibida pela primeira vez. Talvez, por deter tamanha expressão natural no rosto, o ator abusava do recurso das pausas dramáticas teatrais. Silêncios para o espectador imaginar o pensamento da personagem. Outras feras da dramaturgia também o faziam. Uma época boa em que imaginar e ver televisão ao mesmo tempo, era possível. Hoje, não! A edição é clipada. Frenética. O espectador, hipnotizado. Travado no sofá e longe do controle remoto. O que inter