pipas brancas não voam mais
O fim do inverno traz novos ares de alegria. Recordações de divertidas primaveras no meu tempo de guri. Nos anos setenta, as compras não vinham em saquinhos plásticos ecologicamente incorretos como hoje, mas em embrulhos de papel amarrados com linhas grossas de algodão. Aquela embalagem servia para carregar roupas, remédios, alimentos. Desfeitos os embrulhos, o cordão e o papel não iam imediatamente para o lixo. Na prática e de forma inconsciente, os moleques da época já experimentavam a sustentabilidade. Os cordões e papéis eram reaproveitados no brinquedo favorito: A pipa. No Rio Grande do Sul chama-se “pandorga”. Não comprávamos os brinquedos prontos. Fabricávamos em casa. Dos embrulhos desfeitos, eu pegava os papéis encerados de pão, mais resistentes do que o papel jornal. A estrutura da pandorga era de varetas finas de taquara (bambú), amarradas com os cordões dos embrulhos. O papel era colado nas varetas com grude, cola artesanal feita com farinha de trigo. A água misturad