O Rádio
Nunca vou esquecer a emoção que senti ao ouvir pela primeira vez o som estéreo do rádio sintonizado numa emissora FM. Com um fone em cada ouvido, minha percepção sonora mergulhava num universo diferente, de novas sensações prazerosas. Que magia era aquela que permitia ouvir uma música dividida em duas, dentro da cabeça? Vozes e instrumentos que até então se concentravam no meio dos olhos, como se todos os músicos, tocassem num palco imaginário de um metro quadrado, bem a minha frente! -Ah... Agora com a FM estéreo, a claustrofobia a que fui acostumado pelo som monoaural das rádios de ondas médias, estaria com os segundos contados, pensei. Os anos setenta haviam chegado ao fim. A nova década surgia com inovadoras tecnologias. Eu tinha 12 anos e já não achava graça em ouvir música nas rádios OM com aquele som chiado, sem graves e agudos, saturado de freqüências médias. Além disso, o rádio FM possuía uma luzinha vermelha, que se acendia quando a sintonia fina captava a freqüência exata